Na peça
Dúvida de John Patrick Shanley (prémio Pulitzer em 2005), um padre (sobre quem recaíam suspeitas de molestar um rapazinho) contava no seu sermão uma história, mais ou menos assim...
Uma mulher estava na má língua com um amigo acerca de um homem que ela mal conhecia e nessa noite ela teve um sonho. Uma enorme mão surgia sobre ela e apontava na sua direcção. De imediato, apoderou-se dela um avassalador sentimento de culpa. No dia seguinte, foi confessar-se.
Foi ter com o velho padre da paróquia e contou-lhe tudo, disse que estava arrependida e pediu perdão.
"Não tão depressa!", respondeu o padre. "Quero que vás para casa, agarres numa almofada, a leves para o telhado, a abras com uma faca e que depois voltes aqui!"
Então ela foi para casa, tirou a almofada da sua cama, tirou uma faca da gaveta, subiu pelas escadas de incêndio até ao telhado e esfaqueou a almofada. De seguida, voltou até junto do velho padre, tal como ele lhe tinha dito.
"Esfaqueaste a almofada com a faca?", perguntou ele.
"Sim, padre."
"E qual foi o resultado?"
"Penas", respondeu ela.
"Penas?" repetiu ele.
"Penas por todo o lado, Padre!"
"Agora , quero que voltes lá e juntes todas as penas que voaram com o vento!"
"Bem", respondeu ela, "isso não é possível. Não sei para onde foram. O vento espalhou-as por todo o lado."
"E isso", disse o padre, " é o boato!".
Lembrei-me desta história a propósito do nosso antigo Primeiro-Ministro, agora encarcerado... Não importa o que eu acho ou não sobre o carácter do senhor, não importa se eu nutro ou não qualquer simpatia pelo visado... mas a forma surreal como tudo isto foi conduzido (independentemente do resultado das investigações) fará com que fique para sempre... A Dúvida.