Estou efetivamente cansado. E isso reflete-se na paciência que tenho (ou não tenho) para as pequenas coisa. Desde o barulho de quatro teenagers no comboio, à colega de trabalho que fala sempre no registo e volume de voz acima da média, à velha piada do "queria já não quer"... A todos respondi de forma irascível.
Prometi a mim mesmo não reagir esta semana a este tipo de coisas... A ver vamos.
Quinta rumo a Barcelona. 4 dias com o meu rapaz em terras catalanas. Ele nunca esteve em Barcelona e eu talvez tenho ido a última vez há cerca de 20 anos. Ou seja, vai ser uma descoberta a 2 desta cidade. Vamos aos sítios óbvios, mas ainda quero amanhã procurar sítios alternativos. Não tenho é muito tempo para fazer esta pesquisa. Alguma dica?
Não sei bem como interpretar os resultados das últimas legislativas... Não quero acreditar que Portugal é este país... Triste, amargurado, que responsabiliza o outro pelo seu insucesso. Acho que vou deixar passar algum tempo até voltar a refletir sobre este tema... Não quero mesmo acreditar que este é o país em que Portugal se tornou.
Fui votar antecipadamente. No próximo fim de semana vou para Tróia com o meu namorado e assim podemos ficar tranquilamente até ao final do dia de domingo.
Fui com uma amiga que mora aqui perto. Fizemos todo o paredão de São João do Estoril até Cascais e depois até à escola secundária onde se podia votar antecipadamente. Ida e volta foram uns bons 12 km. Pusemos a conversa em dia. Ela sempre foi de direita. Mas neste momento sente-se assustada e preocupada. Não se revê nesta atual direita. E disse-me que ia votar no Livre. Fiquei surpreendido. Conversámos muito sobre as suas razões, sobre como sentimos que está o país e o que leva uma pessoa de direita a votar num partido de esquerda.
Isto tudo à beira-mar. Morar na linha permite-nos ter o mar à porta. E isso faz sempre bem. Ajuda-nos a limpar o espírito e a relativizar a vida.
A capa do livro é terrível. Mas a escrita de Martha Batalha é deliciosa. Faz-me lembrar o Gabriel García Márquez... Ou a Cuca Canals. Gosto muito da literatura sul-americana. Aquele realismo mágico, produto de uma diversidade cultural rica, alicerçada na tradição e na família.
Sempre tive grande variações de peso. Mas nos últimos anos tem sido mais difícil perder alguns quilos. A operação à tiróide, a idade... Tenho feito um esforço grande. Nos últimos 2 meses perdi 10 kg. Nada mau. Mas ainda faltam outros tantos. Pelo menos... Dá para imaginar que a coisa estava mesmo descontrolada...
O dia corria mais ou menos bem. Greve dos comboios e eu claro esqueci-me desse pormenor, saí de casa às 7:30 da manhã e cheguei ao trabalho às 11:00. Mas a equipa tinha tudo pronto e os trabalhos tinham começado havia 1 hora. Mais de 300 pessoas para prestar provas... E de repente puff... Todos ficaram a olhar para mim e em tom de brincadeira eu disse - juro que pagámos a conta da eletricidade. Depois percebemos que era naquela zona toda. Menos mal pensei eu... Depois percebemos que era na cidade. Afinal havia outra cidade sem eletricidade também. Alguns telefones deixaram de ter comunicação. Ainda consegui ligar aos meus pais, que estão a 300 km de distância e estava tudo bem. Depois percebemos que em Espanha também havia problemas. Mas ok continuámos os trabalhos, sem noção do que estava a acontecer à nossa volta.
À hora de almoço começámos a perceber a seriedade da situação. Era todo o país, Espanha e uma parte de França. Mas ainda assim durante a tarde continuámos. Os trabalhos deviam acabar às 18:00 mas prolongaram-se até às 20:30. Organizámos as coisas, a falta de eletricidade não permitia ligar sistema de alarme, estabelecemos procedimentos para aquela noite com a equipa de segurança.
Percebi que não tinha como voltar para casa e dirigi-me para casa do meu namorado. A sensação era estranha e por um lado fica aí contente de ter estado ocupado o dia todo.
Bati à porta. Ele estava com os fones a ouvir rádio. Pensei que ele poderia não estar, que tivesse ido para casa da mãe. Entrei. Ele viu a luz do meu telemóvel e achou que a eletricidade tinha voltado. De repente ele vê uma pessoa na sala e assusta-se. De repente eu vejo alguém a vir do quarto e assusto-me. Rimo-nos os dois. Foi uma bela forma de acabar esse estranho o dia. Pouco depois a eletricidade voltou. Fomos dormir.
A minha nova obsessão... Frigorífico arrumado e organizado. Frutas e legumes lavados e arrumados em caixas, de preferência de vidro. Iogurtes alinhados, queijos arrumados no mesmo espaço.
Dá-me a sensação de vida organizada.
Há cerca de um ano atrás lançaram-me um desafio profissional. Na verdade foi mais um pedido de ajuda, era só um mês ou dois. E fez no início deste mês um ano. Estava eu tão sossegado. Mas tem sido um desafio bom. Trabalho com uma equipa fantástica, direi mesmo com a melhor equipa com quem já trabalhei.
Há 10 anos atrás este era o sítio onde eu quereria estar profissionalmente. Com autonomia, com a equipa que propus, com orçamento e com muito pouca interferência do Conselho de Administração, apenas aquela inevitável que a politiquice exige.
Hoje tenho dúvidas que é isto que eu quero fazer.
Nunca estamos verdadeiramente satisfeito.
Há cerca de 8 anos eliminei o meu perfil no Facebook. Já não me lembro exatamente do contexto mas um amigo meu fez o seguinte comentário: "como não sabes? Eu publiquei no Facebook." Lembro-me que era um assunto relevante. E aquela era a forma que um amigo escolheu para me informar. Publicar o que quer que fosse no Facebook.
A minha conta do Instagram é fechada. E ainda assim tem demasiada gente a seguir-me. Uso para registar lugares ou momentos para memória futura. Raramente apareço numa fotografia.
Usei o Twitter para ver notícias. Mas tornou-se uma rede social de tal forma tóxica que também eliminei o perfil. Agora tenho o Bluesky um pouco com o mesmo propósito. Ver notícias e partilhar espetáculos, exposições, livros e cultura em geral.
Falam-me hoje em dia de redes sociais que desconheço. Incomoda-me de forma geral a exposição a que as pessoas se submetem. Cada um sabe de si. E eu sei aquilo que me interessa ou não interessa. Mas não deixa de ser estranho a surpresa das pessoas por eu não ter esta ou aquela rede social.
A minha relação mais duradoura é com este blog. Com interregnos, momentos de dúvida. Mas regresso sempre a ele. Como um disco do Piazzolla guardado na prateleira.
Ou se calhar, porque não é bem uma rede social.
A determinada altura a vida é feita destes pequenos prazeres... um disco do Piazzolla editado em 1970, encontrado algures e comprado por uma bagatela.
Nos próximos tempos vou ouvir este disco vezes sem fim. Uma e outra vez. E depois fica arrumado, com os outros discos, à espera de voltar a ser ouvido. De voltar a ser lembrado mas com uma certeza. Vai voltar a ser lembrado, vai voltar a ser ouvido, vai voltar a emocionar-me.
