Dizer que Anne Hathaway faz o filme, talvez seja um exagero, mas é quando ela interpreta I dreamed a dream que as lágrimas se aproximam dos olhos pela primeira vez. Ela é absolutamente genial! Não é uma interpretação da música com toda a pujança de uma Patti LuPone, é uma interpretação frágil, emotiva, de arrepiar.
Hugh Jackman é perfeito para o papel, canta e encanta, emocionou-me com o seu Who am I (para além de ser aquele monumento de homem, muito agradável aos olhos).
Mas para mim o filme é isto. É pouco? Não, é imenso! Mas podia ser mais, muito mais. Talvez o facto de ter visto o musical em Londres uma dúzia de vezes não ajude... tenho algumas cenas muito presentes na memória (é o caso da cena das barricadas, em que acabam "quase" todos mortos, que no palco é de uma emoção belíssima e no ecrã se tornou... uma cena de guerra). A realização e a montagem são pobres... ou se calhar, por quererem trazer ao público os pormenores da cara dos actores enquanto representam (close up, close up, close up) acaba por pecar ao não mostrar o todo (Les Misérables é no plural, não no singular). Justiça seja feita à maioria dos actores secundários, todos magníficos - Amanda Seyfried, Eddie Redmayne, Aaron Tveit e Samantha Barks (que saltou do palco para o ecrã). E ainda uma vénia a Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen (no papel do casal de taberneiros)! O que eu tinha medo que eles apalhaçassem demais e afinal, perfeitos! O único erro crasso de casting foi o Russel Crowe. Se vou ver outra vez? sim, sem dúvida. Se é um grande filme? Nem por isso!