A peça de Edmond Rostand, agora em cena no Teatro Nacional, é um bombom para Diogo Infante. Ele brilha a peça toda e como diz um amigo meu, é um deleite vê-lo representar. A encenação de João Mota é competente e Virgílio Castelo e João Grosso são bons actores secundários neste espectáculo. E infelizmente acabam aqui os elogios... Sara Carinhas é um daqueles fenómenos do teatro português... muito zunzum à sua volta sem razão de ser... nesta peça então, é um erro de casting tremendo. Uma Roxane bruta, pouco feminina, pouco delicada, um verdadeiro desespero sempre que ela abria a boca ou andava (tem a leveza de um hipopótamo numa loja de cristais...). Christian, o jovem apaixonado, pouco dotado em palavras, é interpretado por João Jesus... pouco convincente, pouco versátil... e o resto do elenco, muito pobre (estranhamente José Neves está de uma canastrice que não se aguenta). A cenografia de José Manuel Castanheira enche o olho mas ainda assim... não é estonteante, mas cumpre, é verdade, há que dizê-lo. Os figurinos dos Storytailors parecem muito bonitos no início, mas pouco a pouco começamos a questionar as transparências, a diversidade de tecidos, a mistura entre o fato de época e o contemporâneo... acabam por ser apenas um elemento estético, sem qualquer dramaturgia.
Se vale a pena ir ver a peça (são quase 3 horas de espectáculo)? Vale. Sem dúvida alguma. Diogo Infante carrega o espectáculo às costas e faz valer todos os minutos ali passados.
E quanto mais não seja, tendo em conta o novo director artístico, é provável que esta seja a última oportunidade de se ver no Teatro Nacional um espectáculo de teatro "à séria" por muito e muito tempo.
quinta-feira, janeiro 22, 2015
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2 comentários:
Sem papas na língua!
Ass: Gattaca
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