Fui ontem à estreia do Eléctrico Chamado Desejo encenado por Diogo Infante. Gostei de tudo! Do social e dos vestidos (Prémio Sim Estou Aqui para Graça Lobo), da peça, da companhia dos amigos e do cocktail no fim da peça (e mais social). Mas o que importou mesmo foi a peça. O cenário da Catarina Amaro é bonito e muito funcional e os figurinos de Maria Gonzaga eficazes e simples. O desenho de luz de Nuno Meira é genial (aliás como são todos os desenhos de luz orquestrados por este rapaz), sobretudo porque quase não o sentimos, a luz está lá mas é tão natural que nos esquecemos que alguém a desenhou. Pequena nota - esta é a mesma equipa que Diogo Infante usou no Cabaret. A encenação é correcta, ritmada e deixa lugar aos actores para brilharem.
Os actores... toda a atenção estava virada para o regresso de Alexandra Lencastre. E ela não decepciona. Que actriz talentosa! Como é possível que tenha estado afastada dos palcos tanto tempo. Dicção perfeita, presença gigantesca. E este é um papel que parece ter sido escrito para ela. Sensual, frágil, com as doses certas de humor e drama. Com a dose certa de loucura. Durante a peça esquecemos que é Alexandra Lencastre e entramos no mundo de Blanche DuBois. Uma enorme surpresa (e muito agradável) foi Lúcia Moniz. No papel de Stella, a irmã de Blanche e mulher de Stanley, Lúcia Moniz consegue evidenciar-se e não se deixar esmagar pela força das outras duas personagens principais. É leve, bonita, simples e ao longo da peça vai-se deixando abater pela loucura da irmã. Mas tudo com uma enorme elegância. Brava! Já o elenco masculino... Albano Jerónimo no papel de Stanley não convence... e não é que ele esteja mal... o rapaz faz um bom trabalho, mas acho que a imagem que temos de Marlon Brando (no filme de E. Kazan) é de tal maneira forte, que é inevitável a comparação... e o facto de nesta peça não terem fugido a essa imagem (aliás, há uma certa colagem) não terá abonado a seu favor. Pedro Laginha no papel de Mitch é... Pedro Laginha. Não percebo o fascínio do encenador por este actor... aliás, não percebo o fascínio de nenhum encenador por este actor, ele faz sempre de Pedro Laginha. Nos secundários uma nota muito positiva para Paula Mora e José Neves (actores residentes do Teatro Nacional).
E depois há Tenesse Williams mas em relação a esse... já nada há a dizer. É genial sempre!
8 comentários:
Fiquei curiosa....
Adoro a Lúcia e a Paula que me deixam sempre saudades...
Beijinho,
já tenho o meu bilhete. Estou desejoso
Se este trabalho do diogo tiver a mesma qualidade que os dois últimos "cabaret" e "rey edipo", não é mau, é pessimo de mau. penas o dinheirito dos coktails que vieram dos boldos dos contribuintes.
Não posso concordar. O Édipo não vi (mas ao que sei, a encenação era do Jorge Silva Melo e o Diogo era apenas actor). O Cabaret vi e gostei. Era um musical muito bem feito. Pode-se não concordar com a estética, mas o espectáculo estava muito bem feito. Mas claro, gostos não se discutem... :)
era pobrezinho, poucochinho e não há nada pior que isso. Em jovem Rei da noruega, foi péssimo. e nem a encenação nem nada se aproveitou. Tretas para tuga!
Pobrezinho, o Cabaret? Se disseres que não tinha rasgos de enorme criatividade, posso aceitar. Agora pobrezinho... Era um espectáculo muito bem produzido.
E que maior probreza existe que a falta de criatividade? Nem achei especialmente bem produzido, apesar dos meios pouco anormais que foram colocados à disposição. O espectáculo não tinha nada, era uma versão asséptica e tonta do filme e pronto e nem o "espirito cabaret" lá estava. aliás caracteristíca do Diogo, que ás vezes é bom actor, mas que tem esta particularidade tão tuga, de "com um simples vestido preto eu não me compromento". O filme é mais antigo e consegue ser infinitamente mais contemporâneo na forma como aborda por exemplo a homossexualidade.
O Rei Édipo alinhou pelo diapasão que tem alinhado a qualidade de tudo o que tem havido pelo Mausoleu, nos últimos anos. Mau de mais, que até confrange. Aliás já desisti de ver seja que espectaculo for em Portugal chamem-me snob, se quiserem. Apenas tenho pena de contribuir com os meus impostos para fazer tanta porcaria.
Eu não disse que havia falta de craitividade, mas que não havia enormes rasgos de criatividade. Quanto à comparação com o filme, bem, não é muito justo, porque a peça segue o libreto original e o filme é uma adaptação. Dir-me-ás porque não fez ele uma adaptação também... não sei, mas talvez não tivesse tido autorização para isso.
As letras das músicas estavam bem traduzidas e adaptadas à fonética portuguesa, a interpretação da Ana Lúcia Palminha era muito boa (não esquecer que no original a Sally é uma cantora de segunda num cabaret de terceira, pelo que a opção de uma actriz que canta foi certeira, em vez de uma cantora que representa), a banda ao vivo era também muito boa, as coreografias não eram geniais (ok ok, concordo) mas os bailarinos eram brilhantes (4 deles ex-bailarinos da Gulbenkian), os figurinos cumpriam e o cenário era despojado mas funcional, a maioria dos intérpretes fez um excelente trabalho (recordo com particular carinho a Isabel Ruth).
Ou seja, continuo na minha... era um bom espectáculo. E eu vejo muitos espectáculos no estrangeiro e estes (tanto o Cabaret como o Electrico) são tão bons quanto um qualquer que se apresente no West End ou na Broadway. Mas... e a minha opinião e vale o que vale...
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