Ontem, durante o jantar, o casal francês manifestava o seu fascínio pelo fado. A maioria dos presentes revirou os olhos... Eles riram-se e disseram que percebiam a reacção, é um pouco como estar em Paris e dizer que se adora a Piaf ou em Buenos Aires e amar-se tango. Alguns afirmaram que o fado hoje existe como produto de exportação. Outros que é um género apreciado por gerações mais velhas. Mas pouco a pouca a conversa foi mudando de tom e todos acabaram por afirmar, que gostando ou não, o fado acabava por corresponder a uma identidade nacional... e que, uns mais do que outros, acaba-se sempre por gostar de fado (não de uma canção em particular, mas daquilo que ele representa). Assim como em França, todos acabam por gostar da Piaf... e em Buenos Aires todos dançam o tango.
Pergunto-me porque é que temos tanta dificuldade em aceitar e acarinhar o que é nosso?
7 comentários:
Ai, Shoes! Vai daqui um abraço, que não conhecia esta pérola. Adorei! Obrigado pela partilha
Havia uma versão ao vivo, genial. A Amália toda em "modinhos" a cantar La vie en rose... mas já não encontro... :)
Se não fosse o nosso provincianismo, que até nos dá algum charme, seriamos enormes. O que nos falta é vender-nos. Se em frança houvessem azulejos nas fachadas tenho a certeza que já se tinham tornado a coisas mais trendy em termos decorativos de sempre. O fado já se vai tornando minimamente universal gostar, agora, imagina, as arrecadas, os cantares alentejanos, as floreiras na varanda ou a louça bordalo pinheiro ainda teremos de esperar um bom número de anos. :(
A loiça Bordalo Pinheiro fica bem em toda a casa! :D
E as arrecadas em todas as mulheres. E mesmo uma drag queen de ourivesaria minhota seria algo a pensar hahaa
Eu creio que o fado até é bastante consensual na sociedade portuguesa. Alguns poderão não gostar, como alguns franceses não gostarão da Piaf e alguns argentinos não gostarão de tango. Isso vai de cada um.
É evidente que um certo tipo de cantar o fado ficou conotado, erroneamente, com o Estado Novo (a Amália chegou a ser saneada publicamente após o 25 de Abril). Todavia, com a nova geração de fadistas, houve uma reconciliação entre o fado, que até já é Património Imaterial da Humanidade, e a população. Hoje, a maioria saberá que o fado é um "produto" português e sobremaneira apreciado no exterior.
É um pouco o ridículo de pretender ser pseudo intelectual, o facto de não gostar do fado.
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